Monday, October 19, 2009

Somos tão instáveis...


É comum nos acostumarmos e nos acomodarmos a tudo na vida.
Nada se compara a dor de se perder alguém querido. E quando isso acontece, geralmente ficamos sensíveis. Ficamos mais sensibilizados a tudo que acontece na vida. Sofremos pela saudade de uma forma que, aparentemente, nada parece nos tirar daquela amargura.
O tempo passa. A saudade se acomoda. A tristeza também. E voltamos aos nossos afazeres do dia a dia. Nos esquecemos daquela angústia mortal que nos atormentava. E tudo volta ao normal.


A gente vê uma cena chocante na TV. Uma criança desnutrida a morrer de fome. Nos revoltamos com o governo. Acusamos A, B e C. Nos sentimos na responsabilidade de ir além. Queremos fazer diferente. Mas não saímos de nosso casulo.

Abrimos o jornal no outro dia. Uma mulher grávida é morta após ser torturada nas mãos de um jovem 'bandido'. Ficamos chocados! Queremos a justiça! Pensamos em quantos jovens não estão tendo educação, não têm muitas oportunidades na vida, e ficamos ansiosos pensando em ir até as instituições de recuperação a fim de ajudarmos.

No jornal aparece outra cena. Pessoas que vivem nas ruas. Lavando roupa nas poças de água encontradas na rua. Estendendo-as para secar nas calçadas. Fazendo fogueiras de papelão para aquecer o frio. Dormindo em meio a sujeiras, lixos e ratos. Uma lágrima escorre no rosto de quem sofre tamanho descaso. Isso dói do lado de cá. Mas não sinto a dor que eles sofrem.

Pensamos em fazer e acontecer. E acabamos não fazendo nada. Porque o tempo passa. E nos acomodamos. Nos sujeitamos aos problemas. Nos calamos diante das injustiças e desigualdades sociais, porque acordamos em nossas caminhas bem confortáveis. Temos nossas máquinas de lavar para nos ajudar. Temos o conforto de nossa TV, de nossa internet. Temos nosso banho quentinho de chuveiro, nossas toalhas de banho macias.

É revoltante como nos calamos diante de tantas situações que podíamos fazer a diferença. É revoltante como somos tão instáveis... que nos deixamos levar e esquecemos as circunstâncias que nos enojam. Somos tão fracos... tão vulneráveis...

SOMOS CEGOS... por não vermos tantas vidas necessitando de amor, carinho e atenção...
SOMOS SURDOS... por não ouvirmos o clamor dos que choram pelo pão de cada dia...
SOMOS MUDOS... por nos calarmos diante de tanta injustiça e indiferença.

Até quando vamos nos manter assim?!?!?!!?

No comments: